Fátima movimenta-se para ganhar centro de congressos

A notícia de que o Governo vai criar uma linha de apoio para a construção ou requalificação de centros de congressos, com a dotação de dez milhões de euros, veio reforçar as movimentações da Câmara de Ourém, que há muito reclama uma infra-estrutura do género em Fátima. Também o presidente da Câmara de Leiria, Raul Castro, admitiu ao JORNAL DE LEIRIA que “existem diligências para se viabilizar um multiusos que integre a valência congressos” neste concelho.
David Catarino, presidente da Entidade Regional de Turismo de Leiria-Fátima, tem defendido, desde a época em que presidia à Câmara de Ourém, que a região carece de um centro de congressos com capacidade para receber mais de mil pessoas, capaz de atrair outro tipo de turistas a Leiria-Fátima. O local mais apropriado para instalar essa infra-estrutura, acredita, é Fátima, que já tem capacidade hoteleira instalada. Sabendo da nova linha de apoio, e por considerar que o “Centro Pastoral Paulo VI não é suficiente”, o presidente da Entidade Regional de Turismo já informou o seu sucessor sobre aquela ajuda governamental.
Quando presidia ao município de Ourém, David Catarino chegou a firmar uma parceria com a AIP Congressos, que tinha interesse na região e queria ter no centro do País uma oferta distinta do Centro de Congressos de Lisboa, e de preços mais competitivos.
A Câmara de Ourém mudou de cor, mas o actual presidente, Paulo Fonseca, afirma que a construção de um centro de congressos em Fátima continua a fazer parte do objectivo estratégico do executivo, como forma de “reduzir a sazonalidade” da actividade económica. “Há, contudo, um conjunto de passos a dar, por exemplo, a actualização do Plano de Pormenor.”
David Catarino reconhece outras circunstâncias que têm dificultado a construção da infra-estrutura. “Falta alguém que junte todos os interesses e os transforme numa massa crítica regional”, defende o presidente da Entidade Regional de Turismo, para quem os municípios estão focados nos concelhos, as Comissões de Coordenação estão mais próximas da Administração Central do que da realidade regional, e as associações empresariais mais preocupadas com a situação actual das empresas.
“Havendo um aeroporto regional, situado em Monte Real ou em Fátima, seria outra forma de captar gente para a região”,acrescenta.
Para o presidente da Associação Empresarial da Região de Leiria (Nerlei), se alguma região merece ter um centro de congressos é Leiria, devido ao grande dinamismo que apresenta. No seu ponto de vista, a cidade de Leiria seria a escolha mais acertada. Instalado neste concelho, o centro de congressos poderia potenciar a utilização das unidades hoteleiras circundantes, incluindo Fátima e Batalha, exemplifica. Além disso, não estaria vinculado a congressos de índole religiosa, o que aconteceria se ficasse em Fátima.
Na opinião de José Ribeiro Vieira, construir um centro de congressos de raiz seria um investimento elevado que não faz sentido no actual contexto económico. O presidente da Nerlei defende, assim, que a cidade devia preocupar-se menos com o facto da União Desportiva de Leiria ocupar ou não o Estádio Municipal - até porque são poucos os que se deslocam para ver a equipa - e diligenciar mais no sentido de transformar aquele “elefante branco”, de modo a acolher espaços “úteis”, destinados a feiras ou congressos. David Catarino considera, por sua vez, que o estádio Dr. Magalhães Pessoa teria as mesmas condições dos hotéis que até agora têm recebido os congressos, até porque não foi concebido para ter essa utilização. Além disso, nota, Leiria não tem capacidade hoteleira de suporte._

Daniela Franco Sousa
In Jornal de Leiria, Ed. 1355, 1 de Julho de 2010