Beijos, abraços e comunhão na missa mudam devido à gripe

A Comissão Nacional de Pastoral da Saúde conta concluir até quarta-feira o envio de cartas às paróquias e sacerdotes com conselhos sobre medidas para evitar o contágio da Gripe A, disse hoje à Lusa o padre Feytor Pinto

Iniciado no passado sábado, o processo de distribuição das recomendações às cerca de 4 500 paróquias fica concluído a tempo de, nas missas do próximo fim-de-semana, os sacerdotes transmitirem, se o quiserem, os conselhos, que incluem sugestões de mudanças de rituais, acrescentou o responsável pela Comissão Nacional de Pastoral da Saúde (CNPS).

O padre Feytor Pinto escusou-se a comentar o comunicado divulgado sexta-feira pelo cardeal-patriarca de Lisboa, no qual D. José Policarpo se afirmava surpreendido com as notícias sobre as recomendações de carácter litúrgico dimanadas da Comissão de Pastoral de Saúde, a quem não reconhece competência para «alterar ritos nem dar normas de alterações das regras da Liturgia».

«No momento actual do processo, considero não haver ainda necessidade de alterar regras litúrgicas e modos de celebrar. A Liturgia, se for celebrada com qualidade e rigor, garante, ela própria, os cuidados necessários», acrescentou o cardeal-patriarca no comunicado.

Em declarações à Lusa, o porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, padre Manuel Morujão, desvalorizou o caso, referindo que a reacção de D. José Policarpo terá tido origem nos relatos da comunicação social sobre as propostas da CNPS.

«São meras sugestões, simples conselhos, não são decretos-leis, daí o mal-entendido», disse.

A carta da Pastoral da Saúde, preparada em colaboração com a Direcção-Geral de Saúde, e aprovada pelo presidente da CEP, D. Jorge Ortiga, recorda que a «missão da Igreja (…) está em assistir os doentes, mas também em prevenir as doenças, através da educação para a saúde».

O documento, intitulado Orientações da Pastoral da Saúde sobre a Gripe A, recomenda que nas celebrações religiosas sejam recordados os conselhos básicos para evitar a propagação da doença, nomeadamente lavar frequentemente as mãos com água e sabão, permanecer em casa se ficar doente e utilizar um lenço de papel, a deitar fora de imediato, para cobrir a boca e o nariz se tossir ou espirrar.

No que diz respeito às cerimónias religiosas, a carta recomenda que padres e ministros extraordinários da comunhão (leigos com mandato especial para dar a comunhão) desinfectem as mãos e que as hóstias não sejam colocadas na boca dos fiéis, mas sim nas mãos.

Recomenda-se ainda que o abraço da paz, normalmente um beijo ou um aperto de mão, seja reduzido «a um pequeno sinal ou inclinação da cabeça sem o contacto físico».

Os templos devem ser arejados e deve ser retirada a água benta que em alguns casos ainda é colocada em pequenas pias à entrada das igrejas.

Trata-se, acentua a Comissão Nacional de Pastoral da Saúde, de orientações, «não são normas litúrgicas, são sugestões suficientemente claras para prevenir desde já a expansão da pandemia. É um conselho útil e provisório para o tempo de difusão da Gripe A».