11 Setembro de 1985 - Maior acidente ferroviário em Portugal

A 11 de Setembro de 1985, dois comboios chocam perto do apeadeiro de Moimenta de Maceira Dão/Alcafache.

O violento embate, com os dois comboios a uma velocidade de 90 quilómetros por hora, fez vários feridos e uma quantidade de mortos que varia consoante as fontes: há quem fale em 40 mortos, mas também quem eleve o número para as duas centenas. Foi o maior acidente ferroviário em Portugal.

“Tragam muitas ambulâncias para a estrada entre Nelas e Mangualde” foi a mensagem que o médico António Borges, que na altura era comandante dos Bombeiros de Canas de Senhorim (Nelas), ouviu. O médico contou à Lusa o que viu quando chegou ao local: “Um espectáculo dantesco, uma coisa pavorosa que nunca mais esqueço. Carruagens a arder, carruagens fora da via-férrea, descarriladas”.

O acidente deveu-se a uma falha de comunicação. A linha dependia unicamente de meios humanos e ainda não era possível a comunicação entre os dois comboios (um que seguia para Paris, outro regional com destino a Coimbra).

Augusto Sá, ex-presidente da Associação dos Emigrantes de Santa Maria de Válega (localidade do concelho de Ovar de onde eram muitas das vítimas), tinha 24 anos naquele dia. No Sud-Express com destino a Paris ia o seu pai, emigrante, e a a sua irmã, “de regresso” a França, recorda à Renascença.

Rapidamente, o combustível dos comboios incendiou-se, aumentando as proporções da tragédia. Os bombeiros demoraram três dias a limpar totalmente a área em redor.

O pai e a irmã de Augusto Sá “não conseguiram mais sair de lá. Foi tudo muito rápido”, diz. Com as falhas de comunicação e os meios da altura, “só um milagre” é que podia evitar a tragédia.